“As mulheres ainda são muitas vezes preteridas apenas por serem mulheres, especialmente em cargos de gestão. Tenho consistentemente favorecido os homens em relação às mulheres durante a minha carreira como um recrutador. Um homem não engravida e não vai amamentar filhos. As mulheres com filhos já têm um trabalho de tempo integral. Portanto, elas muitas vezes são excluídas na disputa pelas posições de topo numa empresa. É muito caro nomear um gestor ‘não confiável’ que pode não estar lá todos os dias.” Lars Einar Engström, psicólogo e senior partner da consultora sueca Edcolby AB, fez o mea culpa e expôs a discriminação das mulheres que é feita durante o recrutamento no mais recente post do seu blogue na MARC (que pode ler aqui). A MARC - Men Advocating Real Change, é uma comunidade on line de profissionais empenhados em atingir a igualdade no trabalho, da iniciativa da Catalyst, organização não lucrativa com a missão de aumentar as oportunidades para as mulheres.
Esta realidade não é desconhecida. Soledade Carvalho Duarte, managing partner da empresa de executive search (pesquisa directa de quadros) Invesco/Transearch, que entrevistei para o livro As Mulheres Normais Têm Qualquer Coisa de Excepcional, contou-me: “Infelizmente, para lugares de gestão, as empresas pedem-me preferencialmente um homem. Perante dois candidatos muito bons, só é escolhida a mulher se for outstanding (é esta a expressão usada pelos meus clientes), isto é, claramente melhor do que os homens. Dizem que se corre o risco de, pelas suas responsabilidades extra-profissionais, as senhoras não se poderem dedicar tanto à empresa.” E em entrevista à revista Máxima (suplemento Mulher de negócios, 5 de Novembro de 2011) Trina Gordon, a única mulher a presidir a um grupo mundial de executive search, a Boyden, também conta que alguns clientes costumam indicar se querem um homem ou uma mulher para o lugar.
Mesmo depois de ultrapassada a fase de admissão, as dificuldades persistem. Os processos oficiais de promoção dependem da rede de apoios que se consegue mobilizar. Como a mulher está em minoria nestas esferas de decisão, as redes informais mobilizadas e os apoios são mais escassos. Para a lógica empresarial não há, ou não deveria haver, homens ou mulheres, louras ou morenas, brancos ou pretos – mas apenas profissionais. Penso que todos acreditamos que a melhor pessoa é aquela que deve ser a que é recrutada ou promovida, sem considerações de género, raça ou qualquer outro atributo que possa ser discriminatório. Até porque na diversidade está a virtude. Só falta agir de acordo com aquilo que se diz.