Mulheres excepcionais

quinta-feira, 7 de março de 2013

A rapariga que exigia ir para a escola

Malala Yousafzai no Paquistão ou Kakenya Ntaiya no Quénia são apenas alguns exemplos. Um pouco por todo o mundo, as mulheres sofrem para poderem ir à escola. Como diz Hillary Clinton, "investir em mulheres e meninas não é apenas a coisa certa a fazer, é a coisa inteligente a ser feita". No entanto, em muitas culturas, os pais não vêem qualquer motivo para dar educação a uma menina, normalmente encarada como um fardo. Os regimes mais opressivos sabem que a formação anda de par com o esclarecimento, é o passaporte para a independência, o caminho para a afirmação individual, e dará às mulheres oportunidades inimagináveis - e por isso evitam-na a todo o custo.
Nesta Ted Talk,  Kakenya Ntaiya conta como, tendo ficado noiva aos 5 anos, conseguiu ir à escola, negociando com o seu pai: só se submeteria ao ritual da excisão feminina se a deixasse prosseguir os estudos. Com optimismo e entusiasmo contagiantes, mostra como uma pessoa pode mudar o mundo para melhor, nem que seja na sua pequena comunidade, onde criou a única escola para meninas na região. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Paixão por um mundo melhor


"As personagens dos meus livros são mulheres fortes e apaixonadas, como Rose Mapendo. Não as invento, não há necessidade disso. Olho em redor e vejo-as em todo o lado", afirma Isabel Allende nesta Conferência TED, em que nos fala também de Wangari Muta Maathai, a primeira africana a ganhar um Prémio Nobel, em 2004, e de outras mulheres excepcionais. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Os novos membros do Augusta

Pela primeira vez na sua história, o Clube de Golfe de Augusta irá ter duas mulheres entre os seus membros: a ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, e a investidora financeira Darla Moore. Desde a sua fundação em dezembro de 1932, o selecto clube não teve qualquer mulher como membro, apesar de as senhoras poderem entrar nas instalações e jogar, enquantos convidadas.''Estas mulheres partilham a nossa paixão pelo jogo do golfe e ambas são conhecidas e respeitadas pelos nossos membros'', disse o presidente Billy Payne, em comunicado. 
O debate sobre a entrada feminina remonta pelo menos até 2002, quando Martha Burk liderou protestos à entrada do clube. A polémica reacendeu-se este por ocasião da nomeação de presidente da IBM, Virgínia Rometty, que ao contrário do que era tradição, enquanto presidente de uma empresa patrocinadora do Masters, não foi convidada a ser membros do clube, (veja post de 23 de Abril “Mulher não entra”). 
Claro que, enquanto clube privado, o Atlanta tem a prerrogativa de decidir quem são os seus membros. Mas o Augusta é um clube muito poderoso e influente, onde se encontram os 300 líderes empresariais mais poderosos da América. Como escreveu Stina Sternberg, jornalista e cronista especializada neste desporto, muitos outros clubes não admitem mulheres, mas “tendo de começart por algum lado, temos de considerar o impacto simbólico desta mudança. Este é o Augusta National, o mais público dos clubes privados do mundo”.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Cosmogirl original

Helen Gurley Brown, eu (à esq.) e Alexandra Belmonte (à dir.)
Helen Gurley Brown morreu a 13 de Agosto, aos 90 anos. O seu desaparecimento tocou-me de forma particular, pois foi uma das mulheres extraordinárias que tive a felicidade de conhecer, ainda que brevemente. 
A sua biografia é conhecida e foi recordada pelos principais meios de comunicação social de todo o mundo por altura do seu falecimento. Em 1965 Helen Gurley Brown pegou numa revista literária moribunda e criou um ícone mundial, a Cosmopolitan, cujo alvo era as cosmogirls: fun, fearless females (mulheres divertidas e destemidas). Três anos antes, por sugestão do marido, o produtor de Hollywood David Brown, escreveu Sex and The Single Girl, em que defendia que as mulheres tinham direito à vida sexual antes do casamento e deveriam apostar numa carreira profissional para serem financeiramente independentes. Em três semanas vendeu 2 milhões de exemplares. Em poucos anos estava publicado em 35 países. O seu lema era: “As boas raparigas vão para o Céu, as más vão para todo o lado”. 
Helen teve um enorme impacto na sociedade de todo o mundo, pois foi uma pioneira da libertação da mulher, embora não tenha agradado aos dois pólos: o conservador que via nela uma ameaça à devoção das mulheres ao casamento e à família; e, no outro extremo, as feministas que consideravam que defendia a submissão da mulher com os seus truques para agradar aos homens ou alguns conselhos para usar atributos sexuais para subir na carreira. 
Em 1997, numa altura em qua a Cosmopolitan vendia já 2,5 milhões de exemplares, passou a direcção da revista a Bonnie Fuller, e passou a desempenhar funções de editora-chefe das edições internacionais da publicação. Conhecia-a em Nova Iorque, em visita de trabalho à editora Hearst, quando assumi funções de directora da Cosmopolitan em Portugal. Foi um breve encontro no final do ano 2000 e um almoço de muita conversa que me deixam recordações muito doces. 
Aguardava-nos (a mim e à Alexandra Belmonte, editora de arte da Impresa) no seu escritório, decorado com tecidos com motivos trigreza e muito cor-de-rosa forte. De pequena estatura e aparência muito frágil, parecia que se ia desconjuntar no segundo seguinte. Mas, apesar dos seus 78 anos, Helen era uma mulher forte e temerária. Tinha uma energia e um gosto pela vida invulgares. Vestia uma mini-saia que evidenciava as suas pernas muito magras. Naquele dia usava umas mules que deixou cair à entrada do restaurante italiano onde fomos almoçar. Os empregados, musculados e solícitos, apressaram-se a baixar-se para lhe calçar os sapatos – fiquei com a ideia que deixara cair os sapatos propositadamente. Comeu uma salada de camarão com as mãos, pois considerava que era mais sexy do que usar os talheres. Ao almoço falou dos temas mais pessoais que se possam imaginar e não se coibiu de fazer perguntas íntimas de forma directa. 
De regresso a Portugal, depois daquela visita recebi uma carta, em que oferecia as suas impressões sobre a revista. Durante todos os anos em que foi responsável pelas edições internacionais da revista, escreveu mensalmente às directoras da Cosmopolitan (actualmente a revista tem 64 edições, é publicada em 35 idiomas e distribuída em mais de cem países): duas a quatro páginas dactilografadas com os seus comentários acerca de cada revista, quase da capa à contra capa. Tinha sempre uma palavra de incentivo e mesmo quando pretendia fazer críticas elas eram lidas como sugestões de melhoria, pois nunca perdia o tom de grande estima, simpatia e cordialidade. Nestas cartas reforçava sempre a ideia de que era óptimo publicarmos artigos de carreira todos os meses e insistia em que as fotografias de moda se deveriam mostrar bem os pormenores das peças de vestuário. 
Helen era a guardiã do posicionamento da revista, que havia que respeitar religiosamente. A oportunidade de trabalhar com um formato internacional, claramente definido, proporcionou-me uma das maiores lições que recebi na minha carreira como editora: não pretender ser tudo para todos. A Cosmopolitan é assumidamente a bíblia das jovens solteiras em todo o mundo e diferencia-se das outras revistas femininas pela devoção às listas com dicas sexuais, conselhos de relacionamento, além da beleza e da moda, com decotes ousados e pernas à mostra. Histórias apimentadas e muitas confissões de leitoras sobre as suas marotices entram em todas as edições. 
Anos depois revi Helen nos encontros internacionais que a revista realizou em Nova Iorque, onde se juntavam as directoras de todo o mundo. Parecíamos delegadas das Nações Unidas: havia representantes do Brasil, da India, da Indonésia, passando pela Rússia ou pela Africa do Sul. Recordo um passeio de barco no rio Hudson, onde Helen dançou sem parar – nunca percebemos como aquela figura frágil se conseguia equilibrar apesar da ondulação. E a entrevista que fez a Woody Allen, seu amigo e um dos convidados para abrilhantar o encontro. 
 Após a sua morte, em comunicado, Frank Bennack, executivo-chefe da Hearst, afirmou: "Helen Gurley Brown era um ícone. A sua fórmula para dar conselhos diretos e honestos sobre relações, carreira profissional e beleza revolucionaram a indústria das revistas." É assim que a recordo: uma mulher singular e uma lenda inspiradora do mundo editorial. 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Liderança feminina


Apesar dos avanços recentes, as mulheres ainda estão sub-representadas nos órgãos decisórios das empresas de todo o mundo e em Portugal também. A evolução tem sido lenta, apesar de estarem bem preparadas (com formação adequada) e de o estilo feminino de liderança estar em elevada cotação no mundo empresarial. Esta excessiva valorização da liderança feminina é uma armadilha. A conciliação entre a carreira e a família é um dos principais obstáculos do chamado tecto de vidro. A imposição por via legislativa de quotas para as mulheres pode constituir uma medida temporária para se atingir a desejada paridade.
Este é o abstract do artigo que escrevi a convite da Nova School of Business Education, para a série Applied Knowledge, e que convido a ler em http://www.novaforum.pt/investigacao-e-artigos/applied-knowledge. Basta fazer o registo e terá acesso ao pdf do artigo. Qual a sua opinião sobre este assunto? Concorda com a instituição de quotas?

terça-feira, 26 de junho de 2012

A Ciência é sexy?

Este vídeo foi feito pela União Europeia para promover as carreiras das mulheres em áreas científicas e tecnológicas. A Comissão explicou que o vídeo tinha de falar a linguagem das mulheres para atrair as suas atenções. Claro que um anúncio não pode ser maçador e tem de cativar a atenção. Mas o mundo científico é muito diferente daquele que aqui é retratado, de saltos altos e gloss, em poses glamourosas e de sedução. Organizações feministas, como a norte-americana Catalyst, afirmam que o anúncio perpetua os estereótipos. Para mim, a forma como o anúncio foi feito é, apenas, patético pela sua desadequação. As mulheres, como os homens, não investigam nem desenvolvem qualquer actividade profissional como se fossem para uma festa ou uma produção de moda. Em face de tanta polémica e do coro de críticas, o anúncio foi retirado. No ar encontram-se os testemunhos de mulheres cientistas de diferentes nacionalidades: menos marketing, mais mulheres de carne e osso. Qual a sua opinião?

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A liga das extraordinárias

Noorjaham Akbar está na lista
"Toda a mudança carece de um agente". Por isso, a  revista Fast Company elegeu a lista das 60 mulheres extraordinárias e das organizações, com ou sem fins lucrativos, através das quais actuam nas causas que abraçaram. Por ordem alfabética, é encabeçada por Noorjahan Akbar, escritora e co-fundadora da Young Women for Change, que em Julho de 2011 liderou uma marcha em Cabul contra a violência perpetrada na rua contra mulheres e, ao abrigo do projecto Stories to Heal (histórias para curar), está a ensinar as crianças afegãs a usar a escrita criativa como um escape à dura realidade que enfrentam. Por tudo isto, é impossível não gostar de Noorjahan e desta iniciativa da Fast Company! No site da revista pode ficar a conhecer o trabalho desta liga das mulheres extraordinárias.