Mulheres excepcionais

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O clube onde mulher não entra


O célebre casaco verde com a imagem do clube

Três meses depois de chegar à presidência da IBM, uma das maiores companhias americanas, Virginia (Ginni) Rometty descobriu que, afinal, ainda não conseguiu quebrar o tecto de vidro. Tradicionalmente o Augusta National Golf Club admite como membros homorários os presidentes executivos dos principais patrocinadores televisivos do torneio US Masters, o principal torneio de golfe. Mas ao contrário do que aconteceu com os seus três antecessores, a Virginia Rometty não propuseram a admissão ao clube – porque é mulher. O Augusta National Golf Club é um clube exclusivamente masculino, em que só em 1990 um afro-americano foi admitido.
Claro que qualquer clube privado, dir-me-ão, tem a prerrogativa de decidir (bem ou mal) quem são os seus membros. Mas esta visão é antiquada e perigosa: mulheres não entram; judeus são expulsos; negros à parte - já vimos isto na história e o resultado foi sempre condenável. É que não falamos do mesmo que um homem ver recusada a entrada num ginásio VivaFit ou numa associação de empresárias. O Augusta é um clube muito poderoso e influente. Um clube que recusa que as mulheres, mesmo as presidentes das maiores empresas americanas, tenham acesso à rede de contactos que se fazem quando os 300 líderes empresariais mais poderosos da América se reúnem nos seus greens.
Durante o torneio, que terminou a 8 de Abril, o presidente do clube, Billy Payne foi bombardeado por jornalistas questionando a possível admissão de uma mulher e sempre se recusaou a responder, reiterando que a política do clube é não discutir publicamente as admissões. Mais de 1/3 das 24 questões colocadas na conferência de imprensa de meia hora diziam respeito a esse assunto (como pode ler no site do clube, aqui). A pressão agigantou-se quando um porta-voz da Casa Branca afirmou que o presidente Barack Obama acredita que as mulheres devem ser admitidas no Clube, no que foi secundado pelo candidato presidencial repuublicano Mitt Romney. Pode ser que a discussão esteja a decorrer nas salas privadas do clube e que venha a acontecer no futuro próximo.
Mas o que causa maior estranheza é que Virginia Rometti, confortavelmente sentada numa pilha de dólares, aceite pacificamente. A executiva e a IBM deveriam manifestar a sua indignação e o seu protesto face a esta situação inadmissível e intolerável. Seria uma oportunidade de lutar, não só por ela mas por todas as mulheres. Afinal, Virginia Rometti não pode deixar de reconhecer que, ela própria, é herdeira do legado de luta e reivindicação de outras mulheres no passado. Perdeu a oportunidade de ficar na história como a primeira mulher membro do clube (que já soma 79 anos) porque lutou por isso. Afinal, Virginia Rometti até joga golfe.

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