Mulheres excepcionais

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Assuma o controlo do seu dinheiro

Susana Albuquerque: O dinheiro é a segunda
causa de divórcios em Portugal"
Licenciada em Direito, com especialização em Direito Financeiro, Susana Albuquerque, de 42 anos, é secretária geral da ASFAC, associação que representa o sector do financiamento especializado. Conferencista nacional e internacionalmente na área da educação financeira, desenvolve programas de formação, aconselhamento e coaching nas áreas da educação financeira e gestão de finanças pessoais. E, como tem formação em teatro, também actua nas áreas de desenvolvimento criativo e expressão dramática. Pode conhecê-la, também, através das suas rubricas nos programas da SIC Mulher: “Afinal de contas” “Contas à Vida” e “Contas em Dia”, nos programas Essência, Mundo das Mulheres e Mais Mulher, entre outros programas da RTP e TVI onde participa como especialista na gestão de finanças pessoais. Em 2011 lançou o seu primeiro livro em Portugal, na área da gestão de finanças pessoais: Independência Financeira para Mulheres, com o objectivo de “partihar com as mulheres portuguesas as ferramentas, instrumentos e técnicas que fui estudando e aplicando para construir a minha autonomia e segurança financeira.” 
Nesta conversa, Susana Albuquerque explica por que razão as mulheres são tão avessas a assumir as rédeas da gestão do seu próprio dinheiro: “É como se independência financeira pudesse ser fosse sinónimo de solidão. Quando a questão é exactamente a oposta.”
Por que razão decidiu escrever um livro de finanças pessoais, especificamente dirigido a mulheres? 
Porque da minha experiência como formadora e coach nas áreas da educação financeira e finanças pessoais, as mulheres assumem mais que sentem falta de informação e formação neste domínio do que os homens. 
Por que é que as mulheres receiam assumir o controlo do seu próprio dinheiro?
Por uma série de razões de natureza antropológica, cultural e mesmo histórica a que duas psicólogas americanas (Mellan e Christie) chamaram os mitos femininos em relação ao dinheiro, que analiso no meu livro, e que se podem resumir ao medo de perderem o seu companheiro ou perderem a hipótese de terem um, caso assumam controlo pleno da sua situação financeira. É como se independência financeira pudesse ser fosse sinónimo de solidão. Quando a questão é exactamente a oposta: ao ser financeiramente independente eu crio as condições para ter relacionamentos afectivos de maior qualidade, para fazer escolhas mais livres em relação ao meu trabalho, etc. 
Quais são os outros erros normalmente cometido pelas mulheres na gestão das suas finanças? 
Não fazerem o orçamento mensal ou não respeitarem os seus limites financeiros. De notar que estes erros são comuns aos erros financeiros cometidos pelos homens, mas as mulheres assumem-nos com mais facilidade.
Qual a regra de ouro no investimento financeiro?
Ser conservador e nunca arriscar mais do que 10% da sua reserva financeira em produtos com risco de perda de capital.
O dinheiro é uma fonte discussão entre os casais? Quais as principais razões? 
Sim infelizmente o dinheiro é uma fonte de discussão entre os casais e é a segunda causa de divórcios em Portugal, porque por um lado o dinheiro ainda está associado a poder e controlo e é usado dessa forma muitas vezes, sem que os casais tenham consciência disso, e, por outro lado, cada membro do casal tem valores diferentes em relação à gestão do dinheiro e não aprenderam a comunicar reconhecendo e respeitando os seus próprios valores e os do outro.
Que principais conselhos dá aos pais acerca da educação financeira dos seus filhos?
Que iniciem a educação financeira dos seus filhos com o objectivo de os ensinarem a ser financeiramente auto-suficientes, e que o façam o mais tardar por volta dos 5, 6 anos, introduzindo a partir dessa idade as semanadas, pois são a melhor forma de ensinar as crianças a fazerem e gerirem um orçamento. Para esse efeito, pode ser necessário os pais fazerem formação ou recolherem informação especializada, existente em livros e sites, para poderem tornar eficaz a comunicação e os objectivos da educação financeira dos seus filhos.
Com o sucesso profissional das mulheres, muitas ganham mais do que o marido. Como é que os homens lidam com este facto? Que conselhos deixa aos homens e às mulheres nesta situação?
Nem sempre os homens lidam bem com este facto e na minha opinião, exactamente pela mesma ordem de razões pela qual muitas mulheres temem assumir o controlo do seu dinheiro. Da minha experiência neste tipo de casos, a melhor forma de lidar com esta situação é por em prática aquilo que todos os casais deveriam fazer para construir uma relação saudável com o dinheiro: falarem abertamente sobre esse desconforto, ou sobre aquilo que sentem dado o desequilibro da situação, e que o façam numa hora por semana, ou por mês, que é reservada para falarem só sobre dinheiro, sobre os objectivos pessoais e do casal para a gestão do mesmo e para fazerem o seu orçamento mensal (garantindo que não serão interrompidos nem por crianças, nem por telefones, etc). Uma fórmula de gestão financeira do casal que é muito eficaz neste tipo de casos é a de que cada um deles contribua para as despesas comuns na proporção daquilo que ganham.

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