Mulheres excepcionais

quinta-feira, 8 de março de 2012

Por que é Dia da Mulher?

O dia 8 de Março é dedicado à comemoração do Dia Internacional da Mulher. Porquê este dia? 

A proposta de instituição surgiu de Clara Zetkin (1857-1933), membro do Partido Comunista Alemão que militava junto ao movimento operário e se dedicava à causa feminina, durante o Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhaga, em 1910. A proposta visava homenagear os movimentos pelos direitos das mulheres e reunir apoios para a causa sufragista e foi aceite por unanimidade pelas mais de 100 mulheres de 17 países. Não foi nessa ocasião definida uma data para a evocação. 
No ano seguinte o Dia foi celebrado a 19 de Março. Durante a Primeira Guerra Mundial, as mulheres russas manifestaram-se no último domingo de Fevereiro, enquanto no resto da Europa a comemoração ocorreu por volta do dia 8 de Março. E no último domingo de Fevereiro (que no calendário gregoriano recai no dia 8 de Março) de 1917, na Rússia, as mulheres entraram em greve por “Pão e Paz”. Em 1975, no âmbito das Comemorações do Ano Internacional da Mulher, as Nações Unidos começaram a celebrar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.


Por que razão continuar a assinalar este dia?

Muitas vozes dizem que a existência deste dia é uma menorização do estatuto e do papel das mulheres, numa altura em que ninguém (a começar pela lei) questiona a igualdade. Em grande parte do mundo ocidental, os avanços conseguidos levam a que muitos (sobretudo muitas) se interroguem acerca da necessidade deste dia. A maioria das mulheres empresárias, gestoras, profissionais liberais, em suma, mulheres de carreira, que conheço abominam a carga simbólica que a palavra “feminismo” evoca e rejeitam a ideia de qualquer discriminação positiva. Elas querem ser tratadas como iguais, reconhecidas pelo seu trabalho, não querem ouvir falar em qualquer prerrogativa especial pelo simples facto de serem mulheres. Muitas dirão a velha piada: “eu não sou feminista, sou feminina”. Perante os progressos alcançados, é fácil ridicularizar alguns excessos cometidos. E o movimento feminista sofre hoje desse problema de imagem. 
Para mim, o dia 8 de Março é a oportunidade de recordar a história das conquistas femininas e, também, de chamar a atenção para o que ainda falta caminhar até se atingir a igualdade plena de direitos e deveres e, sobretudo, de oportunidades. A verdade é que, mesmo entre nós, a verdadeira igualdade não foi ainda atingida, pois continua a ser válida e actual a discussão acerca da falta de acesso a cargos de decisão (sejam políticos, sejam empresariais), da discrepância salarial, ou da necessária mudança de mentalidades. Neste cenário, precisamos de um feminismo de nova geração, que reflicta e aja sobre estas questões com ponderação e sem os tiques excessivos do feminismo, que antagonizava ou excluía os homens. Porque o feminismo que não inclua a discussão acerca dos desafios enfrentados pelos homens no novo papel que lhes é exigido está condenado ao fracasso. 
Finalmente, aquele que considero o argumento decisivo. Enquanto em metade do globo as mulheres forem mortas à nascença ou durante a gestação apenas devido ao seu género, violentadas, exploradas sexualmente, desvalorizadas, não tiverem acesso à educação, ou forem as últimas a ser alimentadas, caminharem atrás dos homens, forem impedidas de votar, de trabalhar ou de conduzir um automóvel faz sentido continuar a assinalar este dia.

1 comentário:

  1. Adorei este testemunho.Também um dia fui à India.Como turista,claro e ao voltar,vinha doente com tanta miséria,lixo,gente aos montes a dormir nas ruas,porcos, vacas e cães misturados com crianças esqueléticas ao colo de mulheres tristes, com cara de fome,de olhar parado,resignado.Jurei então que,Índia nunca mais.Hoje ao ler esta entrevista e sabendo o que a motivou acho que aquilo que eu esqueci de levar comigo mas que a Zico levou foi "AMOR".Daí resulta toda a diferença entre as nossas viagens. É o Amor que tudo move, que tudo transforma. Obrigada Zico pelo seu testemunho. Idalina Alegria

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